Fórum Itaboraí promove seminário sobre transição agroecológica

Seminário aborda caminhos para a transição agroecológica como estratégia para a promoção da saúde em Petrópolis

Aline Rickly (Fórum Itaboraí / Fiocruz) / Publicado em 11/08/2022

Os caminhos para a transição agroecológica como estratégia para a promoção da saúde em Petrópolis foram discutidos durante um seminário no Fórum Itaboraí, nos dias 28 e 29 de junho. Durante o encontro, um dos objetivos propostos foi de colher e compartilhar elementos que possam contribuir para a formulação de um projeto para esta transição, que deverá ser desenvolvido entre os anos de 2022 e 2023.
O seminário de estudo foi promovido e organizado pelo Fórum Itaboraí e pela Vice-presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS) da Fiocruz, em diálogos com a Embrapa Agrobiologia. A ideia é que seja reformulado o projeto territorial Fórum Itaboraí “Fortalecimento da Agricultura de base Agroecológica em Petrópolis e entorno”.
Entre os objetivos tratados no seminário estão o de aprofundar conhecimentos sobre a realidade da agricultura familiar em Petrópolis; reconhecer processos históricos-territoriais de esforços para a transição agroecológica na cidade, identificar quais são os desafios atuais para a transição agroecológica - levando em consideração os diversos impactos na saúde das populações; além de problematizar e sistematizar uma compreensão sobre o que é transição agroecológica e quais são as estratégias para que ela ocorra.
Durante o seminário, foram pontuados alguns dos desafios a serem enfrentados, como o fato de, em muitos casos, a transição agroecológica estar condicionada à distribuição fundiária, visto que na região é significativa a quantidade de minifúndios contíguos, o que reduz a área útil para o cultivo e limita a implantação de barreiras vivas como contenções de derivações de agrotóxicos entre uma propriedade e outra.
Também foram sinalizadas as dificuldades para garantir fontes de irrigação sem contaminação e, por terem dimensões muito abaixo do módulo fiscal, há também o desafio da regularização destas áreas. Outro desafio apontado no encontro foi com relação as condições de trabalho já que elas geralmente são formadas por meeiros/parceiros/arrendatários, o que acaba limitando como este agricultor organiza a sua produção, dificultando um planejamento de longo prazo.
Ainda foi citado como empecilho o fato de que, em muitos casos, não é interesse do proprietário da terra um manejo sustentável. Na ocasião, outro desafio sinalizado foi o de criar laços de confiança e diálogo com os envolvidos.
Apesar de serem muitos desafios, o encontro também reuniu uma série de potencialidades para que a transição ocorra, como o estímulo à identidade local de produção, a proximidade geográfica das áreas de produção com as potenciais áreas de consumo, a vocação turística sendo aproveitada para o turismo rural dentro da perspectiva agroecológica e a existência de Unidades de Conservação ao redor dos polos agrícolas.
Outros pontos citados como positivos foram: o modelo replicável de agricultura orgânica/agroecológica, a valorização do processo de organização associativista, a diversificação de mercados e a constituição de redes e espaços com diferentes atores para realização de práticas e encontros para socialização de saberes.
Ao final do seminário foram estabelecidas as principais linhas de atuação para que a transição agroecológica se torne uma realidade no município. São elas: ações de fortalecimento de transição agroecológica no Brejal e Bonfim, ações de fortalecimento de redes de agroecologia na região serrana e ações de combate à fome.
Além de profissionais do Fórum Itaboraí, da VPAAPS e da Embrapa, também participaram do seminário integrantes da Associação Agroecológica de Teresópolis (AAT), da Associação de Agricultores Biológicos do Rio de Janeiro (Abio), da Rede Bonfim Mais Verde, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), da gestão do Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Parnaso) e do curso de Pós Graduação da UFRRJ em Desenvolvimento, Sociedade e Agricultura (CPDA).