“A Cartografia Social em Escala Local: Uma ferramenta para a análise da iniquidade em saúde”

-Localidade estudada: Estrada da Saudade, município de Petrópolis-Rio de Janeiro-

         A presente pesquisa se enquadra integralmente no mote epistemológico/ prática investigativa adotada pelo conjunto das análises desenvolvidas no Fórum Itaboraí: Política, Ciência e Cultura na Saúde. Qual seja: Considerar o modo hegemônico de produção capitalista como determinante primaz na relação saúde-doença adotando sua forma concreta, a variável Posição na Ocupação, como dado operativo-analítico. Com efeito, o referido estudo discorre sobre a territorialização das categorias ocupacionais na localidade da Estrada da Saudade, visando à prática de uma cartografia social do acesso à saúde em escala local. É dizer: Consideramos a confecção de cartogramas em escala mínima como instrumentos contundentes, reveladores das distintas formas de acesso à saúde relacionadas ao contexto sócio territorial específico de uma determinada localidade. Assumindo tal abordagem, pretendemos aproximar os territórios geopolíticos, objeto das análises censitárias, daqueles espaços homogeneizados pelo alto grau de destituição. Sendo assim, é objetivo central da pesquisa em tela a compatibilização/comparação transescalar das formas espaciais da destituição encontradas na área de estudo com os meios formais de divulgação de dados socioeconômicos.   

         Aliando a supracitada perspectiva às necessidades práticas de viabilização de levantamentos de dados primários/coordenação de trabalhos de campo, consideramos as áreas de abrangência dos postos de saúde da família (PSF’S) como o recorte espacial analítico mais apropriado. Seguem os critérios que embasaram tal decisão:

a) Da superfície cartografada;

         Sendo cada área de abrangência de um determinado PSF subdividida em micro áreas, essas geridas por um único agente de saúde, suas “modestas” extensões percorridas viabilizam a mobilização de um pequeno número de pesquisadores de campo para realizar/otimizar os trabalhos de processamento de dados geocodificados.

b) Do controle/riqueza dos dados;

         O contato direto com o agente local de saúde proporciona o acesso imediato a informações relativas às principais ocorrências/questões/demandas sanitárias referentes a cada micro área. Acreditamos que a citada prática possa servir de ferramenta de fomento para intervenções locais imediatas por parte dos profissionais de saúde.

c) Tentativa de atenuar o Déficit Democrático na confecção de políticas públicas de saúde;

         Ao desenvolver uma cartografia que considere um recorte geográfico baseado no Espaço Vivido e não pela superposição, muitas vezes abstrata, de delimitações político-administrativas, almeja-se, aqui, atenuar o Déficit Democrático entre população e ferramentas científicas direcionadas à execução de políticas de intervenção local por parte do poder decisório.   

d) Do conhecimento empírico da área estudada;

         Destaca-se aqui a relevância da compreensão espacial empírica por parte de cada agente comunitário de saúde na confecção dos mapas temáticos. Por muitas vezes, seus croquis artesanais foram de suma importância na viabilização dos mesmos.