Orquestra de Câmara do Palácio Itaboraí tem seu quarto aluno aprovado em vestibular de música

Piero Fagundes Torres, 19 anos, é o mais novo egresso da Orquestra de Câmara do Palácio Itaboraí – OCPIT a ingressar na faculdade de música. Morador do Cascatinha, ele estudava no Colégio Estadual Irmã Cecília Jardim quando, em 2013, assistiu a uma apresentação da Orquestra na escola e, tempos depois, viu informação sobre o processo seletivo da OCPIT  no mural do colégio. “Eu tinha 14 anos e não me interessava pela música clássica, especificamente. Achava careta. Mas tinha um desejo enorme de aprender violão e minha família não tinha condições de pagar para eu fazer aulas. Eu estava procurando um curso gratuito de violão, porque queria ser ator, participar de musicais, e achei que era a hora de aprender música, pois sabia que a música poderia me complementar, como ator”, relembra Piero. “Quando vi a divulgação no mural da escola, achei que poderia ser uma oportunidade e cheguei em casa e pedi apoio aos meus pais, que, em toda minha trajetória, sempre me apoiaram. Tinha receio de não passar, porque eu não sabia nada de música, mas tinha vontade. Fiz uma entrevista pessoal e acho que foi aí que fui selecionado, com base no enorme desejo que tinha de tocar violão”, conta o jovem instrumentista, filho do meio de mãe que trabalha como secretária e o pai como estofador.
 
Piero ingressou na OCPIT em 2014 e conta que a jornada no início foi difícil, pois a Orquestra já tinha jovens que tocavam e ele se sentia perdido e desintegrado. “Mas a Orquestra é muito mais do que a música. É um lugar que se aprende sobre viver em comunidade. Sempre tive apoio para não me desestimular ou desistir, tanto dos coordenadores como dos amigos que fiz lá. E isso foi essencial para eu continuar. Eu ia às aulas, mas corria por fora, pedia ajuda dos professores e estudava muito em casa. Todo meu tempo livre dedicava ao meu violão. E foi dando estes primeiros passos no escuro que consegui avançar e, aos poucos, fui me integrando à Orquestra e descobrindo como a música clássica é interessante”, recorda Piero, com um sorriso genuíno no rosto. “Eu era meio individualista, queria aprender a tocar sozinho e seguir algo que estava na minha cabeça. Mas a Orquestra me ensinou muito mais que música. Me ensinou que temos que nos preocupar com todas as partes, porque se uma não funciona, a Orquestra não funciona. E na vida também é assim. Ali mudei muito minhas concepções. Com toda disciplina, conteúdo e valores, eu amadureci. Eu fui ajudado e também ajudei muitos amigos. Hoje, tendo encerrado meu ciclo, vejo o quanto eu cresci como pessoa e carrego comigo aprendizados da música e da vida”, avalia Piero.
 
A ideia de ser ator foi transformada e Piero quer ser músico, se especializar cada vez mais no violão, cursar a licenciatura e também o bacharelado e depois fazer uma pós graduação. “Eu passo boa parte do meu tempo com o violão e pensei: porque não levar isso como profissão, trabalhar com o que amo fazer? Não é um esforço, é um prazer. Algumas pessoas já tentaram fazer minha cabeça, mas estou certo: eu quero ser músico, intérprete, um violonista, e ir aprendendo até onde meu violão me levar”, afirma, categórico, o jovem instrumentista.
 
Para ingressar na faculdade de música ele precisou se preparar e muito, pois o processo seletivo exige um conhecimento aprofundado e o candidato, além do Exame Nacional do Ensino Médio, o ENEM, precisa passar no Teste de Habilidade Específica, o THE, para o qual ele contou com o apoio dos professores e amigos da Orquestra. “Quando eu vi que outros amigos da Orquestra, que vieram antes de mim, passaram, eu me senti encorajado a também buscar este caminho, e estou muito contente que consegui!”, comemora Piero, que, no próximo mês, dará início aos seus estudos na Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF.