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Capacitação foi feita pela Fiocruz e direcionada a profissionais de saúde e lideranças comunitárias do município
Aline Rickly e Luiz Pistone (Fórum Itaboraí/Fiocruz)) Publicado em 14/11/2025
Profissionais da Atenção Primária em Saúde e lideranças comunitárias, que integraram as turmas de 2019 e 2023 do curso de Educação Popular em Saúde no Sistema Único de Saúde (EdPoPSUS) receberam seus certificados nesta quinta-feira, 13 de outubro, em uma formatura realizada no Palácio Itaboraí, sede do Fórum Itaboraí: Política, Ciência e Cultura na Saúde/Fiocruz Petrópolis. A cerimônia foi adiada nos anos anteriores devido à pandemia e, posteriormente, às obras no Palácio que ocorreram entre janeiro de 2024 e outubro de 2025. Esta foi a quinta turma do EdPoPSUS realizada por meio da parceria entre a Secretaria de Saúde e o Fórum Itaboraí. Ao todo (2017-2023), o curso já formou 153 educadores populares em saúde.
A formatura nesta quinta contou com uma mesa de abertura, composta pelo diretor do Fórum Itaboraí, Felix Rosenberg, e as representantes da Secretaria de Saúde: Maria Zenith e Norma Pontes. Felix destacou a importância dos profissionais da Atenção Primária em Saúde, que atuam nos territórios ouvindo aquilo que afeta a saúde da população e trabalhando para transformar essa realidade. “Espero que vocês não só apliquem, mas também reproduzam a educação popular em saúde nas comunidades”, disse.
Durante a cerimônia, os formandos puderam assistir uma apresentação da Camerata da Orquestra de Câmara do Palácio Itaboraí (OCPIT) e uma homenagem a Lourdes Petronilho, líder comunitária, reconhecida por sua atuação histórica na Vila São José, que chegou a integrar a turma do EdPoPSUS de 2023. Durante a homenagem, foi lembrado que “afeto também é ato político” e que a resistência através do cuidado segue como referência da trajetória da Dona Lourdes.
Leda Lopes Serranú, atual presidente da Associação de Moradores da Vila São José, também foi aluna da turma de 2023. Durante a formatura, ela agradeceu a oportunidade e reforçou a importância de preservar a memória de luta de Lourdes Petronilho: “Ela foi uma grande guerreira no começo da nossa comunidade. Agora estamos dando continuidade a essa luta. Nossa comunidade lutou muito para conquistar um lugar. E nosso lugar é onde a gente quiser. Não podemos deixar que a memória se apague. Agradecemos a luta da Lourdes. Ela continua viva na memória de cada um de nós”, disse.
A formatura seguiu com a entrega dos certificados às alunas e aos alunos. Uma delas foi Lenita de Souza Queiroz Boaventura, farmacêutica da e-Multi Quitandinha. “Eu posso me ver sem fazer muita coisa, mas não posso me ver sem cuidar de alguém. O curso me afetou de forma profunda. A arte permitiu exercer o cuidado com leveza em um cotidiano que nem sempre é assim. Me ajudou a trabalhar minha timidez para levar isso ao território”, contou.
Coordenadora do curso, Marina Rodrigues explica que a formação tem um conteúdo voltado para o entendimento integral e sistêmico sobre os territórios. “Ele estimula a construção da consciência crítica, o fortalecimento da cultura política e o pertencimento como ferramenta de transformação social. Vejo que a educação popular é um resgate para os profissionais da saúde de se perceberem como agentes fundamentais para mudanças nesses territórios e de se aprofundarem em uma busca pela essência das necessidades humanas”, destaca.
Para Maria Zenith, representante da Atenção Básica, o EdPoPSUS contribui muito para a interação entre os profissionais da saúde e a população. “Para que esses profissionais ouçam e entendam as necessidades da comunidade e transformem isso em comunicação com a equipe para mudar essa realidade. A formação amplia o conhecimento levando os profissionais a estarem mais próximos da resolução das demandas e necessidades”, comentou.
Apoiadora institucional do Núcleo de Gestão da Educação em Saúde (Nuges), Norma Pontes acrescentou que a formação acontece em Petrópolis desde 2014. A partir de 2017, a Secretaria de Saúde passou a contar com o apoio do Fórum Itaboraí/Fiocruz Petrópolis por meio do Acordo de Cooperação. “Essa parceria potencializou nosso trabalho com suporte logístico e técnico. Compreendemos que educação popular é ensinar e aprender juntos”, comentou.
Etiene Vilasboas, ACS do Carangola, educadora popular desde 2019, falou sobre a mudança em sua prática de trabalho a partir do aprendizado em Educação popular. “Realmente mudou muito a minha visão. A gente começa a olhar o outro com horizontalidade. Foi muito importante e fico feliz em ver mais pessoas passando por essa experiência”.


