Especialista em engenharia ambiental, Tatsuo Shubo, da Escola Nacional de Saúde Pública “Sergio Arouca” (ENSP) da Fiocruz, explica que o TEvap recebe todo o efluente que sai do esgoto, do vaso sanitário, e entra numa caixa estanque. O tanque construído tem 10 metros quadrados de área e 1,20m de profundidade. “Nele, a gente coloca cascalho, pedra de mão, areia fina e solo. Ali, a gente planta a bananeira porque ela tem maior capacidade de evaporação. Com isso, não tem nenhum efluente saindo para o solo e nem contaminando os recursos hídricos”, afirma.
O TEvap é conectado ainda a um círculo de bananeiras. De acordo com o especialista, isso para que em um período mais chuvoso o tanque tenha para onde extravasar. Esse círculo recebe toda a água das pias da cozinha e do banheiro e do boxe, para tratamento biológico, e o excesso de água também vai evaporar.
Quem comemora a implantação do TEvap é a própria Rosemary. Aos 38 anos, ela é mãe de quatro filhos e diz que sempre sonhou em ter um sistema de saneamento. ”Estou sentindo uma emoção muito grande. Eu sempre quis ter uma fossa aqui, mas não tinha dinheiro para pagar o material. É um benefício enorme e não vou ter mais aquela preocupação de estar contaminando a água”, disse.
Depoimento de Tatsuo Shubo, especialista em engenharia ambiental da Escola Nacional de Saúde Pública - ENSP
Diretor do Fórum Itaboraí, Felix Rosenberg destaca que a inauguração desta unidade de saneamento é um dos resultados concretos do projeto Ará. “É a primeira instalação física de um sistema unifamiliar de saneamento e que vai ser reproduzido nas cinco localidades do Quilombo Boa Esperança. Depois, daremos apoio material e técnico para que a própria comunidade assuma a construção destas unidades de saneamento para todas as famílias. Nós acreditamos que, em um prazo de 12 meses, se contarmos com apoio da prefeitura também, toda a comunidade esteja com sistema de saneamento e acesso à água potável”, ressalta.
Depoimento de Felix Rosenberg, diretor do Fórum Itaboraí: Política, Ciência e Cultura na Saúde - Programa da presidência da Fiocruz em Petrópolis/RJ
Aos 65 anos, Celso da Cruz Fonseca é um dos líderes do Quilombo e considera a inauguração desta unidade de saneamento como uma contribuição importante para a comunidade. “Estou muito feliz com esse trabalho. A gente tem que cuidar do nosso território, que é sinônimo de liberdade, para as futuras gerações”, diz.
Já a coordenadora geral da Associação do Quilombo do Boa Esperança, Natália Lima, destaca a necessidade da iniciativa. “Essa fossa é a proteção da nossa água, das nossas nascentes. A comunidade precisa dessa ação já que quase nenhuma casa tem saneamento aqui”, reforça.
O projeto Ará
O projeto Ará é coordenado pela Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS) da Fiocruz e é realizado de forma integrada com três programas territoriais: o Fórum Itaboraí, a Fiocruz Mata Atlântica e o Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina - fruto da parceria entre a Fiocruz e o Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT). O projeto também conta com a participação da Embrapa e da Articulação Nacional de Agroecologia.
O TEvap recebe todo o efluente que sai do esgoto, do vaso sanitário, e entra numa caixa estanque. O tanque construído tem 10 metros quadrados de área e 1,20m de profundidade